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Livros usados

Encontro na Turquia

         Ainda dentro do táxi, Michel de volta ao hotel, estava encantado com a visita pelo centro histórico de Istambul, e de ter conhecido dois dos principais monumentos da Turquia, a Mesquita Azul e a Basílica de Santa Sofia. E foi com a experiência de ver o pôr-do-sol sobre a Ponte Gálata, que tomou uma decisão. Como suas negociações transcorreram muito bem, ele passou a dispor de três dias de folga, para conhecer melhor as maravilhas deste país antes de retornar ao Brasil. E assim decidiu conhecer o sítio arqueológico de Gobekli Tepe.  

        No hotel foi direto para recepção e perguntou à jovem que desligava o interfone:

        - Como faço para visitar e conhecer mais sobre Gobekli Tepe?

      - O senhor está com sorte. Começa hoje a noite, em nosso salão principal, um seminário com uma arqueóloga sobre Gobekli Tepe! O curso será ministrado em inglês, pois é voltado para estudantes de toda parte do mundo que estão em nosso país e haverá também inscrições para uma visitação monitorada ao local.

        Michel foi imediatamente ao local informado e conseguiu inscrever-se no seminário.

        Depois de lanchar e um rápido banho, o jovem vestiu-se para a palestra. Uns 30 minutos antes das 20h, Michel já estava no salão, e como ainda havia muitos lugares vagos, procurou um assento bem em frente ao palco, não muito próximo, pois temia que a palestrante pudesse lhe fazer alguma pergunta e ele não sabia absolutamente nada sobre o assunto, além dos comentários que ouviu durante sua visita ao centro histórico, que lhe chamou a atenção para o local. Queria visitar Gobekli Tepe, mas se obtivesse mais informações, isto tornaria a visita ainda mais atrativa.

        Como é mesmo o nome da arqueóloga? Indagou a si mesmo sem resposta. Nem havia observado este detalhe. E riu de si mesmo!

        Em pouco tempo, o salão com capacidade para 100 pessoas, ficou praticamente lotado. E pontualmente foi dado início ao evento.

       Um senhor fez a abertura explicando o objetivo daquele encontro e passou a falar da qualificação da palestrante. Por fim, apresentou a Professora Doutora Cristina Dramick.

        Michel sem acreditar, levantou e aplaudiu por impulso, acompanhando alienadamente os demais, mas completamente aturdido, pelo que acabara de ouvir!

      Estupefato ele viu entrar naquele palco, cumprimentar a plateia e iniciar sua apresentação a Cris... Sim... a Cris... sua namorada da adolescência!

        Cris, sua primeira namorada, o maior amor da sua vida!

       A palestrante já fazia sua ministração, apresentava os primeiros slides numa enorme tela ao fundo do palco, enquanto Michel nada via e ouvia, além da Cris.

      Agora, a menina de quatorze anos era uma jovem mulher. O cabelo castanho liso e comprido dava lugar a um cabelo curto. Mas, Michel, ainda reconheceu a beleza angelical da menina, naquela mulher altiva, imponente, segura que palestrava com graça e brilho. Cris estava ainda mais linda, com um corpo escultural, vestida com muita elegância e charme.

        Michel, ainda não se dava conta das explicações que eram dadas, pois sua mente oscilava entre admirar Cris e relembrar o namoro adolescente.

      Era o último ano do ensino fundamental, e apesar de flertarem a dois anos, foi somente naquele ano, que iniciaram o namoro propriamente dito. Juras, planos, sonhos regavam aquele amor. Ternura e carinhos embalavam o romantismo inocente entre aquele casal.

        Foi no baile de formatura, após a valsa, numa seleção de músicas românticas, quando o casal dançava de rostos colados, que Cris contou a Michel que seu pai havia sido promovido na empresa em que trabalhava, e eles iriam mudar-se em breve para Dusseldorf na Alemanha! Michel não acreditou no que ouviu e, na época, bravejou:

        - Cris e os nossos sonhos?

      Ela começou a chorar compulsivamente abraçada a ele. E com as promessas de nunca deixarem de se amar, de não perderem o contato, Cris, viajou para a Europa com a família. Com o tempo, distância e outras mudanças que a família de Cris ainda fez, aquele amor foi se perdendo, e assim como um cigarro esquecido num cinzeiro qualquer, foi aos poucos se consumindo, até o casal perder totalmente o contato e aquele louco e apaixonado romance, passou a ser somente recordações. E, agora, após muitos anos, Cris estava ali, bem na frente de Michel.

       Depois de navegar por um longo período nas águas do passado, Michel resolveu concentrar-se na exposição de Cristina Dramick. Neste momento, a professora chamava a atenção dos ouvintes para a questão que Gobekli Tepe sugeria. Dizia Dramick que Gobekli Tepe, quando foi descoberta em 1994, levantou novas questões surpreendentes sobre a história conhecida da civilização.

      A palestrante pediu para levantar a mão quem aprendeu na escola que, primeiramente grupos reunidos começaram a desenvolver a agricultura, como consequência, cidades foram estabelecidas e depois vieram a construção dos templos religiosos.

        Setenta por cento da sala levantou a mão, inclusive Michel, que passou a prestar ainda mais atenção no tema.

     - Será que aconteceu exatamente assim? Perguntou a expositora. Estudamos em história que a civilização teria sido consequência da agricultura. Porque os nômades haviam passado para uma vida sedentária, reunidos em um lugar fixo, plantando e domesticando animais, surgindo assim aldeias e cidades, a hierarquia de comandos, a religião organizada e os reinos. Essa visão era suficientemente abrangente para não ser questionada.

        Apontando slides da descoberta, Cristina dizia:

       - Gobekli Tepe, possui anéis de enormes pilares de pedra esculpidos contendo cenas de animais. E é considerado o mais antigo lugar de culto do mundo, datado de 10.000 AC. E tem mais! Fortes evidências nos levam a crer que, quem a construiu foram caçadores seminômades, desconhecedores da agricultura. Desta forma, Gobekli Tepe fez com que os arqueólogos se questionassem sobre o que veio primeiro: Os assentamentos ou os projetos de construção como sempre foi crido?

      Cristina levou a audiência à uma reflexão mais profunda:

      - Outra questão a ser repensada. Diferentemente do que sempre se acreditou, a religião organizada pode ter dado origem à agricultura, pois existem de 20 a 40 templos circulares em Gobekli Tepe. Estas estruturas internas nos remetem a uma espécie de local para cultos. Existe muito mistério e perguntas aguardando respostas conclusivas. Mas até hoje se acreditava que a religião surgiu apenas com o início da agricultura e também das sociedades. Mas não é o que ocorre com Gobekli Tepe, pois lá não tem vestígios de uma organização social ou de agricultores, disse a palestrante.

        Cristina trouxe mais ingredientes para aquecer o tema polêmico:

        - Outra curiosidade, é que as pedras em forma de T de Gobekli Tepe, representam seres com as mãos finas, alongadas e acima do umbigo, do mesmo jeito que estão as estátuas gigantes na Ilha de Páscoa. O detalhe é que a distância de um lugar para o outro é de aproximadamente 14.000 Km. Isso nos leva a outro questionamento. Que relação poderia existir entre esses povos?

        Michel que estava cada vez mais interessado no assunto, ficou perplexo quando a professora disse:

      - Uma hipótese que tem sido levantada é de que Gobekli Tepe é a região mencionada na bíblia, no livro de Gênesis, capítulo 2, do verso 8 ao 17, como o Jardim do Éden!

     A Dra. Dramick leu o texto bíblico comparando a descrição do local narrado com a localização de Gobekli Tepe e acrescentou ainda:

        - Provavelmente lá seja onde os edênicos exerciam suas atividades antes da queda de Adão e Eva. O Arqueólogo Alemão KLAUS SCHMIDT, do Instituto Arqueológico de Istambul, responsável pelas escavações e pesquisas, fez a seguinte afirmação. “Gobekli Tepe não é o Jardim do Éden: é um templo do Éden”.

        Prosseguiu Dramick em sua exposição:

      - Por vários motivos este sítio arqueológico é importante, pois além da sua localização corresponder a mesma região onde existiu o Éden, conforme o relato bíblico, há outro aspecto a ser considerado, como o fato de sua datação pelo Carbono 14, comprovar que esta construção ocorreu a cerca de 12.000 anos. E isto levanta a possibilidade de um considerável período Edênico anterior a Queda de Adão e Eva. E que se a queda de Adão e Eva ocorreu a aproximadamente 6.000 anos, entende-se que existiu anteriormente à queda, um outro período de mais de 6.000 anos.

        Para apimentar este assunto, continuou Cristina:

       - Cá entre nós... durante anos a Ciência afirmou que há 12.000 anos, o Homem não tinha as condições necessárias para trabalhar enormes pedras e neste sítio arqueológico, como em tantos outros, os estudiosos apelam aos extraterrestres para justificarem o que não conseguem explicar. E ainda sobre esse mistério, o citado professor Klaus Schmidt, disse que, “Descobrir que meros caçadores, pescadores e coletores de frutos foram capazes de construir Gobekli Tepe é como descobrir que alguém havia construído um avião 747 com um estilete”.

    Enquanto Cristina prosseguia no desenvolvimento do tema, Michel passou a questionar-se. Se estas escavações comprovam mesmo o que diz a bíblia, muito do que aprendi no cristianismo é verdade! Então qual é o sentido da vida? Quem sou e para onde vou? Isto tem a ver com minha identidade e o meu destino! Isto pode responder a muitas de minhas inquietações e dúvidas! Eu acredito que o verdadeiro sentido da vida é dar sentido a outras vidas!

        Após a breve reflexão, ele determinou:

        - Agora mais do que nunca preciso conhecer Gobekli Tepe pessoalmente, buscar e reafirmar respostas para o sentido da vida!

        Mas seu coração estava mesmo irrequieto era para se encontrar com Cristina. Assim que terminou a palestra, levantou-se rapidamente e dirigiu-se para o encontro.

        Michel aguardava alguns alunos que a cumprimentava e faziam comentários sobre a palestra. Finalmente chegou a vez dele, Cristina não o viu, pois estava de cabeça baixa guardando um pequeno papel dentro de um livro.

        Quando ele falou em português:

        - Adorei sua exposição Dra. Cris!

       Ela levantou a cabeça imediatamente. E ao ver Michel na sua frente, demorou um segundo para assimilar o que estava acontecendo. No segundo seguinte, esqueceu de tudo e de todos, deu um grito efusivo e pulou abraçando o rapaz, apertada e demoradamente. Afastou-se um pouco sem tirar os braços dele, olhou bem dentro dos olhos e disse:

        - Amore! E o beijou na face, abraçando-o novamente.

     Havia ainda algumas pessoas para cumprimentar a professora. Ela puxou ele para que ficasse ao seu lado e pediu cochichando em seu ouvido:

        - Mais um pouco e estarei livre para conversarmos à vontade.

       Findo os cumprimentos, Cristina deu algumas orientações aos seus assistentes, segurou Michel pela mão e o levou a uma sala de apoio. Após as primeiras perguntas, comum de um reencontro casual, Cris fez-lhe mais uma:

        - Onde você está hospedado?

Ele respondeu que naquele hotel mesmo, e ela sorrindo exclamou:

        - Que coincidência, eu também!

    Imediatamente, Michel convidou-a para jantar. Convite aceito, a conduziu até o Deraliye Ottoman Palace Cuisine Restaurant. Lá, passado o impacto do encontro, os dois se admiravam, enquanto conversavam, onde cada um contava sua trajetória até ali. Michel ao inverso de Cris, deixou o cabelo curto da adolescência, para usar um cabelo comprido, naquele momento preso com rabo de cavalo. O moço franzino, agora apresentava um corpo de porte atlético e a pele morena ainda mais bronzeada. Mas Cris ainda encontrou naquele rosto a inocência do adolescente. Michel perguntou:

       - Você está casada, solteira ou namorando?

        Cris respondeu sorrindo:

       - Solteiríssima! E emendou. E você casado, solteiro ou está namorando?

       Ele também respondeu sorrindo:

       - Solteiríssimo!

       Os dois rindo passaram a recordar os bons momentos que viveram. Por um instante, Cris começou a passar a mão sobre o talher de sobremesa e com um olhar absorto, deixou-se levar pelas lembranças. Neste instante Michel estendeu a mão e segurou a de Cris. Os dois se olharam sorrindo e ficaram assim, sem nenhuma palavra. Após o jantar decidiram ir a pé até o hotel. Na saída do restaurante, ele pegou a mão da moça e de mãos dadas caminharam. Ainda na rua, soltaram as mãos e se abraçaram. Depois do abraço apertado veio um longo e apaixonado beijo. O tempo parecia ter parado, e o casal não se importava com o resto do mundo, estavam novamente entregues ao amor.

        No hotel foram direto para o quarto de Cris. Abriram a porta se beijando, lá dentro mais nenhuma palavra foi dita, seus corpos falavam por si. Aos poucos as roupas foram ficando espalhadas e os dois se descobriam, se encontravam, até ficarem unidos como nunca estiveram. Só depois de muito tempo, ainda nus e abraçados, o casal voltou a falar, juras de amor eram reafirmadas novo pacto de amor era restabelecido. Entorpecidos de amor o casal adormeceu.      

       De manhã pediram o café no quarto. No desjejum planejaram um dia de passeios.

     Cris precisaria estar no dia seguinte em Marrocos para o desenvolvimento de uma pesquisa, mas como Michel ainda dispunha de mais um dia livre, a convenceu para irem a Gobekli Tepe. Pois ele ficou impactado com a explicação de Cris sobre a descoberta arqueológica que quebrou paradigmas sobre o sentido da vida. E queria aprofundar-se nesta busca. Ela lhe perguntou:

        - O que você acha das religiões?

         Com convicção ele respondeu:

        - A prática da religião destituída de amor ágape, amor incondicional, é vã e tola, pois não passa de ritual que desagrega.

        Cristina pensou por um instante no que ouviu e assentiu com a cabeça.

      Acertaram ir naquele dia para a capital Ancara, pois Cris desejava mostrar lugares interessantes, que acreditava que o moço iria gostar e no dia posterior iriam para Gobekli Tepe.

      Antes de sair com Cristina para os passeios, Michel precisou passar pela recepção, quando um velho funcionário, que notou a alegria vibrante que o jovem radiava, comentou:

        - O senhor está muito feliz, felicidade que em poucas vezes na vida experimentamos!

        O rapaz escancarou ainda mais o sorriso e disse.

        - Reencontrei a mulher que irá fazer esta felicidade ser infinita!

        O velho olhou dentro dos olhos do moço e afirmou:

      - Gerar expectativa sobre alguém, sempre irá trazer desilusão. Bom é quando podemos gerar em alguém, boas e altas expectativas sobre elas mesmas!

        Bateu-lhe carinhosamente no ombro e ele seguiu seu caminho.

       A viagem e os passeios transcorreram maravilhosamente bem. O casal curtiu aquele tempo com o mesmo amor e paixão da adolescência. Parecia até que nunca houve aquele lapso de tempo separando-os. Falaram como seriam os futuros encontros depois de Gobekli Tepe e também como poderiam administrar a distância e as agendas. Queriam recuperar o que havia sido perdido.

        O amor e as carícias eram a tônica daquele relacionamento, mas no final da tarde, decidiram ir ao Stains Coffee, quando Cristina esboçando uma tristeza profunda no olhar, que destoava do brilho que se instalou em suas pupilas, desde o reencontro no seminário, disse:

         - Michel nossas vidas tomaram rumos tão diferentes e tão distante. Como poderemos ficar juntos?

        - Cris, percebi que não estou incluso em seus planos. Só que ainda estamos aqui, só eu e você. Buscamos esperança em tudo que vemos. Mas porque deveríamos nos preocupar? Vamos deixar as coisas acontecerem. Essa noite, é o que nós temos. Quem precisa do amanhã? Por que não fica?

        - Amore, respondeu a moça, no fundo do meu ser, sinto-me tão sozinha. Minhas esperanças se perderam. Assim como todo mundo, anseio por amor. Você me completa, é o maior amor de minha vida, milhões de pensamentos e milhares de loucuras para ter você passou por minha cabeça, mas o destino insiste em nos separar.

        Michel insistiu:

       - Eu acredito que o verdadeiro sentido da vida é dar sentido a outras vidas! Deixe-me dar um sentido verdadeiro para a sua. Ainda temos essa noite. Quem precisa do amanhã? Vamos fazer isso durar, juntos encontraremos uma maneira. Nós ainda temos essa noite, meu amor, por que não fica comigo?

         Depois de um longo beijo, levantaram e voltaram para Istambul.

       O clima romântico prevaleceu, tanto durante o jantar no Mikla Restaurant, quanto depois. Desta vez, no quarto de Michel, outra noite de muito amor e paixão embalou o casal.

        Quando aqueles dois corpos se uniam, o encontro de suas almas tornava-se perfeito. Paz infinita, mãos deslizando sobre as curvas da estrada do amor. Um sentindo no seu peito, o coração do outro bater, abraços, entrega, fascinação. Este amor é uma viagem por um caminho de envolvimento, tragados por carinhos onde somente quando se perdem, podem se encontrar. No quarto, em desordem, a chama do passado acesa, o tempo passando e eles desfrutando sem se importarem com nada, como se não houvesse amanhã. Este amor sempre foi grande demais, mas o destino novamente tentou separá-los.

        Na manhã seguinte, Cristina acordou antes do rapaz, deixou um recado junto a inscrição para a visita monitorada a Gobekli Tepe e saiu sem se despedir.

Quando Michel acordou, chamou pela moça sem resposta. Levantou-se para procurá-la e viu sobre o aparador o recado e a inscrição. Atônito leu:

​

        “Amore tudo o que aconteceu, foi apenas um encontro na Turquia!

        Faça sua inscrição para Gobekli Tepe e continue sua busca pelo sentido da vida.

        Vou ama-lo por toda eternidade!

        Sua sempre Cris. ”

​

       O jovem ficou um longo tempo pensando...  Qual é o sentido da vida? Se a vida é a arte do encontro, porquê existe tantos desencontros? Eu acreditava que o verdadeiro sentido da vida era dar sentido a outras vidas! Que era dar sentido para a sua vida Cris...

      O perfume da moça ainda pairava no ar e assim como gotas do orvalho que escorre de uma flor, também lágrimas rolaram no rosto do rapaz.

        Por fim, mesmo com a alma gritando e o coração dilacerado, Michel levantou-se da cama onde estava sentado, amassou o bilhete e a ficha de inscrição, jogou-os no lixo, fez a mala e voltou ao Brasil.

 

 

Valter Rocha  #contosqueemocionam

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© 2018 por Danilo Rocha. Criado orgulhosamente para o meu pai e melhor amigo.

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